Título original: Mind Games
Título nacional: Jogos Mentais
Editora: Farol Literário
Autora: Teri Terry
Páginas: 477
Apesar de nutrir uma paixão especial por essa autora, devido a trilogia Reiniciados, confesso que minhas expectativas eram relativamente baixas em relação a Jogos Mentais. Quando a Farol liberou o primeiro capítulo fui ansiosamente ler e achei bastante confuso. Mas disse pra mim mesma, calma, esse é só o primeiro capítulo. Quando o livro chegou, me surpreendi com a diagramação, nem sei porque já que a Farol sempre é impecável nesse aspecto. E aquilo me deu um fôlego pra ler.
Terminei a leitura rapidinho, extasiada com a escrita, com o universo criado e com a intertextualidade criada pela autora. O livro é distópico, e a história se passa em um contexto onde a tecnologia predomina em todos os aspectos. Ela está presente na educação na criação de escolas virtuais, nos relacionamentos onde as pessoas se encontram apenas nos ambientes virtuais. Mas não é qualquer ambiente. A partir dos 10 anos de idade elas podem escolher fazer um procedimento simples em que elas ficam com um implante no cérebro e assim podem acessar esse ambiente virtual como se fosse realmente um novo espaço. Nele você pode fazer alterações no próprio corpo de acordo com a sua satisfação. Por exemplo, se você gostaria de ser mais magra, e ter um cabelo ondulado ele aparecerá assim para as outras pessoas. Nesse espaço você promove festas, encontros, participa de jogos.

Como nas demais distopias, as pessoas são manipuladas por um governo autoritário, porém essa manipulação é facilitada pela tecnologia dos implantes e poucas pessoas percebem esse controle. Luna, tem um papel muito importante não só por ser filha de uma ex-Hacker famosa, apesar de isso ser um fator considerável quando a PareCo a seleciona para os seus testes de QI e QR. Estes, são testes importantes, onde os alunos são selecionados por suas notas e desempenho na escola. Luna surpreendentemente foi selecionada. Dependendo do resultado (elas devem ir bem em ambos os testes) as pessoas são alocadas em universidades.
"Não preciso esperar o resultado teste de QI, sei que fui muito bem. Mas não me sairei tão bem no de QR. Serei considerada perigosa: inteligente, porém idiota. Sabe lá onde vão me colocar, mas imagino que não será em um lugar legal." p.92
Uma outra coisa interessante, são os novos problemas de saúde gerados pelo uso sem limites dessa tecnologia, os Viciados em Implantes.
"Já vi Viciados em Implantes antes, em anúncios do serviço público sobre como identificar os primeiros sinais do uso excessivo em deficientes mentais, ou da janela do trem,esparramados em bancos de estações, mas sempre a distância, afastados" p.59
O livro é realmente incrível, diferente de muitas histórias que li e ao mesmo tempo, muito semelhante em alguns aspectos, principalmente a Reiniciados. A questão de se ter um implante no cérebro, a presença de um médico "confidente", os nomes que os personagens podem escolher para si. Sem contar que a trilogia é mencionada no próprio livro, quando ela é transformada em um jogo, com direito a Nivos e tudo mais. Amei esse paralelo!
A história vai muito além do que escrevi na resenha, claro, e é repleta de detalhes. Acredito que podemos retirar muitas reflexões. Os apaixonados por tecnologia vão se identificar, mas fica o questionamento: As relações virtuais devem superar as físicas daqui a algumas décadas?!