Título: Fazendo Meu Filme 4: Fani em busca do final feliz
Autora: Paula Pimenta
Editora: Gutenberg
Páginas: 605
"Nenhum filme é melhor do que a própria vida."
Fazendo meu filme 4 é o aguardado desfecho da
série que envolve o casal mineiro mais fofo de todos os tempos, Fani e Leo.
Quem leu o terceiro livro sentiu o clima pesado
do final que não terminou nada bem... E assim que o último livro chegou as
minhas mãos fiquei desesperada pra saber se a Fani e o Leo realmente se
separariam sem chance alguma deles reatarem.

E digamos que eu fiquei surpresa com que
encontrei. O livro é dividido em três partes, Fani, Leo, Fani e Leo.
Compreenderam? Primeiro vem os capítulos destinados a Fani, onde a própria
personagem narra de uma forma nostálgica seu momento atual, pós- faculdade,
pois é já nas primeiras folhas nos deparamos com uma Fani diferente, madura,
dona da própria vida. Ela não só se formou em cinema como também está
terminando a sua pós-graduação e em breve um festival poderá mudar sua vida.
Isso porque seu trabalho de conclusão de curso (um longa metragem) foi
selecionado para uma acirrada disputa. Mas para entendermos como ela se tornou
uma profissional competente e requisitada em Hollywood precisamos saber como
foi esse percurso. Portanto, um capítulo é da Fani com 23 anos e o próximo tem
início com a sua chegada a Los Angeles e assim sucessivamente até o grande dia
do festival que reserva muitas surpresas.

Sinceramente, fiquei tão acostumada a ler tudo
sob a perspectiva da Fani que quando cheguei à parte do Leo achei tudo bem mais
interessante. Não tinha aquele drama todo e a choradeira que a protagonista
sempre arrumava. Não que ela não tivesse motivo, mas de certa forma ela sempre
complicava as coisas e sofria desesperadamente por tudo.
Embora o Leo também tenha sofrido achei a parte
dele mais realista. Nada do glamour de Hollywood, festas em parques da
Universal, Warner e etc. Muito pelo contrário, o garoto teve que crescer e
batalhar muito. Afinal estamos falando
de Brasil. A separação do casal, por um lado, foi positiva para que cada um
seguisse seu rumo e pudesse se dedicar realmente ao que gostavam. Se não fosse
pelo rompimento certamente o Leo teria cursado administração em vez de
Jornalismo que era o que ele sempre almejou.
Assim como na parte da Fani temos de inicio o Leo
com 23 anos e capítulos que se mesclam entre a atualidade e o passado quando
ele se mudou para o Rio de Janeiro, com 18 anos.
Por meio do presente e pela viagem ao passado
temos um verdadeiro contato com os sentimentos do Leonardo. O que passou pela
sua cabeça depois do término, se ele tentou ou não entrar em contato com a Fani
entre outras coisas. Mas como eu disse antes, a parte dele me tocou mais. Ele
abriu mão de ficar com o amor da sua vida para que ela realizasse seu sonho de
ser cineasta, mas e ele? Tudo bem que ele fez o curso que realmente queria
jornalismo, mas não obteve tudo de uma forma tão fácil quanto a Fani. Ele não
saiu por ai recebendo bolsas de estudos, apartamento super decorado e mobiliado
com tudo do seu gosto, já não ganhou logo no seu primeiro dia de faculdade um
estágio, não foi paparicado por todos. Sua vida foi como a de muitos universitários: Morou uns anos com os tios, ralou pra pagar aluguel do seu então
apartamento, correu atrás de estágio e mesmo depois de terminar a graduação não
trabalhou somente com o que gostava e seu salário não era uma fortuna. Ficou
com várias mulheres, mas mesmo assim nenhuma delas preencheu o vazio chamado
Fani. E pra tentar amenizar o sofrimento, ele se especializou em jornalismo cultural, criou uma
revista eletrônica ( que era na verdade um hobby pra fugir de um trabalho
estressante) com ajuda de alguns amigos, pra divulgar suas resenhas e enxergar
a arte de uma forma crítica. Porém, o destino tratou de sorrir para o garoto,
já estava mais do que na hora, e colocou em suas mãos a chance de poder cobrir certo
festival internacional... Advinha aonde?

Fazendo meu filme 4 apesar de ser bem mais longo
que os outros livros da série faz com que a gente apresse a leitura pela
ansiedade de saber se o Leo e a Fani finalmente ficam juntos. E não é só isso,
como leitora eu ficava querendo ver as reações de ambos e comparar com as
memórias que eu tinha dos dois quando eram adolescentes e ver o quanto as
pessoas podem mudar. A Fani que sempre foi muito tímida me surpreendeu em
várias partes, mas mesmo assim não é difícil achar nela resquícios de uma
garota, insegura, envergonhada e que apesar dos sofrimentos no campo afetivo,
ainda acreditava em finais felizes.
Já o Leo fez com que eu me apaixonasse por ele e
por suas palavras. Acho até que a Paula Pimenta poderia escrever um livro com a
história toda pelo ângulo dele sem aquele transbordamento todo de lágrimas da
Fani que poderia, com toda a certeza fazer os níveis do Cantareira subirem. Em
outras palavras me identifiquei demais com o garoto!
Achei o livro também mais poético do que de
costume, as músicas continuam constantemente presentes e não só descobri como recordei
algumas, foi muito bacana. Fiquei impressionada com o fato de que cada música escolhida
se encaixava perfeitamente no romance e graças a isso também criei o hábito de
escolher com cuidado as músicas que me acompanham, pois toda trilha sonora tem
seu significado.
Apesar de eu ter achado a vida da Fani muito
fácil (sei que ela sofreu, sem querer ser injusta), ela continuou sendo
simples, simpática e é isso que encanta o leitor. Não posso me esquecer de
mencionar que através da história podemos conhecer locais muito interessantes,
é como se a gente fizesse uma viagem pra Califórnia e tivéssemos como guia
turística a Fani. Por isso, quando forem ler FMF4, preparem-se para
conhecer a Warner Bros, Universal City, Hollywood Sing, Las Vegas e um restaurante
mexicano bem apimentado.
Ah, outro ponto que me chamou atenção foi que os
protagonista perderam contatos com
amigos que eles juravam que eram pra toda a vida (bem verdadeiro isso também) e
foram surgindo outros também muito importantes como o Alejandro, por exemplo,
que eu amei.
E, pra terminar, quero dizer que foi muito
difícil me despedir da série, eu me apeguei de verdade à história,
aprendi e conheci lugares novos. Vou ser sincera também e dizer que depois de
tantas confusões e reviravoltas eu não via a hora do final feliz chegar, não só
pra Fani, mas para o Leo.