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27 novembro 2016

[RESENHA] A Extraordinária Garota Chamada Estrela- Jerry Spinelli


Título original: Stargirl
Título Nacional: A Extraordinária Garota Chamada Estrela
Autor: Jerry Spinelli
Editora: Gutenberg
Páginas: 192


A resenha de hoje é sobre um dos livros, infanto-juvenis mais lindos que já li. A protagonista, Estrela é capaz de nos comover e impactar através de atitudes tão simples e que ao mesmo tempo  fazem toda diferença. 

Tudo começa quando a Escola de Ensino Médio de MICA (EEMM), um local sem muitos atrativos, com alunos normais e atitudes normais, recebe uma aluna nova, Estrela, que chama bastante atenção devido ao seu comportamento diferente: não usa uniforme, anda com um instrumento musical e um rato no ombro, sabe o nome de todos os alunos, canta parabéns no dia do aniversário dos colegas, deixa sempre um presente nas mesas de cada um, em dia de feriado e o comportamento mais incompreensível é o de torcer para TODOS. Para ela, não existe time preferido todos merecem ganhar e receber sua animação como líder de torcida nos jogos de futebol americano.



Outro ponto, além dos comportamentos de Estrela que destoam de tudo já visto pelos alunos da Escola, é o seu nome, ou melhor, as trocas frequentes de nome.

A história gira em torno de Estrela, suas atitudes e o que os alunos da escola pensam sobre ela. A história é narrada sob o ponto de vista Leo, que acaba por enxergar o que para muitos era só estranheza: o brilho de uma garota extraordinária.


Minha paixão pelo livro está centrada na forma como a personagem é descrita e em como ela é única e essa autenticidade incomoda aqueles que fazem tudo igual todos os dias e não acrescenta nada na vida de ninguém.

É um livro leve, sem muitos acontecimentos, mas com um poder de nos transformar e de pensar nosso modo de viver.


16 março 2015

[RESENHA] A cura da infelicidade- Katherine Sharpe

 

 
Título nacional: A cura da infelicidade: como os antidepressivos melhoram, pioram e moldam a vida de milhões de pessoas.
Título original: Coming of age on Zoloft: how antidepressants cheered us up, let us down, and change who we are.
Autora: Katherine Sharpe
Editora: Gutenberg
Páginas: 303
 
 
"A cura da infelicidade", é um dos livros que adquiri na Bienal de Minas e não me arrependo. Além do preço que não afetava o bolso, seu tema chamou minha atenção por ser um assunto que tem a ver com os meus estudos, afetar diretamente a minha vida e de outras pessoas que estão deprimidas e resistente a procurar uma ajuda profissional. Mas, atenção, o objetivo dele não é dar conselhos médicos e ao contrário do que o título possa nos levar a pensar ele não é um livro de autoajuda.
 
O livro trata-se de uma reunião de depoimentos de pessoas que tomaram e ainda tomam antidepressivos. Contando com a própria autora que deixa claro sua relação com os medicamentos e não tem receio de expor seus questionamentos quanto a terapia e de dizer abertamente como era a Katherine antes e depois de ser diagnosticada com depressão.
 
Com base em um jornalismo investigativo, entrevistas com médicos e a opinião de diversas pessoas que fazem o tratamento, em várias faixas etárias, Katherine, mostra os pontos positivos e negativos de se tomar antidepressivos e trabalha também com o estigma que a doença carrega.
 
 
 
Pelos depoimentos foi possível perceber que depois de anos de ansiedade e de tristeza profunda a chegada do diagnóstico aliviaram essas pessoas, pois é como se elas tirassem de suas costas a culpa por ser uma pessoa sem ânimo, com alterações bruscas de humor e que pensa constantemente na morte.
 
Outras tomaram antidepressivos desde a infância e o que elas tem em comum são algumas perguntas: será que o medicamento me afetou a ponto de eu me tornar outra pessoa? Como eu seria sem os remédios? Outros já são gratos e acreditam que sem a terapia não estariam vivos.
 
"Não sei mesmo qual seria a minha personalidade sem os remédios, porque cresci sob o efeito deles."p.137
 
"Para mim, sempre senti que a depressão escondeu quem eu era realmente." p.132
 
São casos e casos, estórias de vida diversas de pessoas que se sentiram bem após a terapia e de pessoas que tomaram Prozac, Zoloft entre outros não alcançaram benefícios. Outro ponto bastante abordado foi a razão de os médicos não tocarem no assunto de "cortar" a medicação como se fosse mais fácil prescrever do que interromper a terapia. Além de uma discussão se eles não estariam sendo prescritos para casos de depressão verdadeira, mas para um mal-estar.
 
"E como muitas pessoas que usam antidepressivos por muito tempo, desenvolvi um efeito colateral que não consta na bula: o medo de viver sem eles."p.196
 
A abordagem e a sensibilidade da autora para um assunto tão sério e que muitas pessoas evitam, permitiu que eu prosseguisse interessada na leitura. A cada página que eu virava vinha a certeza de que encontraria uma nova estória e opiniões sinceras e tocantes. Identifiquei-me com alguns dos entrevistados que mencionaram a dificuldade de encontrar um profissional realmente interessado e preparado para um diálogo terapêutico em vez de apenas prescrever uma medicação. Mas uma das perguntas que me fez refletir, e é de fato o me faz sempre pensar duas vezes antes de procurar ajuda, é a seguinte: Será que preciso de medicamentos para me sentir melhor e aceitar coisas e situações que eu não gosto? Como, por exemplo, a faculdade, o emprego etc... Os remédios seriam uma fuga?
 
"A vida emocional não é diferente de cozinhar ou cultivar uma planta: se você se dedicar e usar bons materiais, é grande a chance de conseguir coisas boas ao fim de tudo." p. 168
 
 
 
Enfim, é um longo assunto e não teria como a autora esgotar o tema, apenas abrir espaço para uma discussão. É um livro que traz várias perspectivas, com uma linguagem simples de fácil compreensão e eu o recomendo para você que está com depressão (sei que muitos leitores e blogueiros sofrem com isso), pra você que convive com alguém nessa situação, pra quem está relativamente bem e para os estudantes da área da saúde. É uma obra enriquecedora e ao final ele conta com várias referências bibliográficas de artigos científicos, caso o leitor se interesse em obter mais informações.
 
 
 

09 fevereiro 2015

[QUOTES] Você tem sete mensagens- Stewart Lewis



Oi, gente!

Nesses poucos dias que passaram de 2015 eu já tive o imenso prazer de realizar leituras maravilhosas. E uma dessas leituras, mesmo sendo rápida, (é uma dica até pra vocês poderem ler na volta às aulas sem causar prejuízos as matérias) foi Você tem sete mensagens. A protagonista é uma garota que me marcou bastante por ser destemida, sensível e independente mesmo aos 15 anos de idade. E uma parte da história dela tem um pouco a ver com o que eu passei quando meu pai faleceu (e hoje, coincidentemente, faz 3 anos) e acredito que muitos de vocês, que já passaram pela experiência dolorosa de perder uma pessoa querida sabem como é e vão se identificar com a Luna.

Tomando como base o livro separei alguns trechos que eu mais gostei. =)

Quotes:

"Certa vez mamãe me disse que a verdade era como a minha pele, um lindo revestimento protetor, e as coisas que as pessoas diziam ou pensavam eram como roupas que podem facilmente ser trocadas ou descartadas." p.18

"Nenhuma escolha é estúpida se vem de você (...) Nunca deixe ninguém fazer você desistir das escolhas que o seu coração fez. É isso que a torna única." p.20

"Eu poderia ter morrido naquele momento, porque a ideia de viver sem uma pessoa que você ama é como ter duas mãos gigantes pressionando seu coração, deixando-o cada vez menor, até que tudo o que resta é a lembrança do calor." p. 20

"Quero acreditar que, embora o mundo tenha ficado mais duro, consigo encontrar um lugar seguro e aconchegante nele." p.189

"Às vezes a tragédia faz aparecer o que há de melhor nas pessoas."p.194

"Vou, porém, fazer o que puder para protegê-lo. Para mim ele ainda é uma flor pequenina e sinto que estou me tornando uma árvore forte. Haverá tempestades e ele precisará de abrigo."p.161

"Não vou desistir de você, Oliver. Às vezes o amor que construímos é destinado a sobreviver."p. 130

"Deixamos muitas coisas de lado quando julgamos apenas pela superfície. Precisamos ir mais fundo." p. 173


02 fevereiro 2015

[RESENHA]: Você tem sete mensagens- Stewart Lewis


Título original: You have seven mensseges
Título: Você tem sete mensagens
Autor: Stewart Lewis
Editora: Gutenberg
Páginas: 251

Você me magoou, mas eu te amo

O luto serve para ser vivido com intensidade e depois ser superado de acordo com o tempo interno de cada um. Levar uma vida adiante depois de perder um ente querido de forma inesperada sem nenhum tipo de preparação ou adeus é algo que pode afogar a vida dos que ficaram.

Com Luna não foi diferente. Por volta dos seus 13 anos de idade ela perdeu a mãe vitima de um atropelamento em Nova York. Desde então, Luna teve de crescer para tentar ficar maior que a dor, proteger o irmão caçula e ser uma fonte de alívio e ternura para o pai, um renomado cineasta.

Luna ou Moon light, como o pai a chama são apenas o seu apelido com um significado especial. Seu nome verdadeiro é pouco citado.

Depois do aniversário de falecimento da mãe, uma modelo de sucesso com o sonho de se tornar escritora abruptamente finalizado, Luna reúne coragem para ir ao santuário da mãe, o seu estúdio, que ficara exatamente como ela deixou antes de morrer.

Ao entrar no lugar ela sente o perfume da mãe misturado a mofo. Há tempos a luz do sol ou o reflexo da lua não penetra naquele lugar tão cheio de significado. Mesmo com o receio de estar invadindo a privacidade de alguém que já morreu, uma sensação com toda certeza estranha, Luna ajeita e limpa cada canto daquele cômodo. Em meio a toda a arrumação ela se depara com algo vermelho que parece vibrar segredos. É o celular da mãe com sete mensagens na caixa postal prontas para serem ouvidas, com apenas o seu toque. Além do aparelho inesperado ela encontra também abotoaduras que com toda a certeza não são de seu pai.

Será que sua mãe vinha recebendo visitas masculinas secretas no seu cantinho praticamente imaculado?

"Quero acreditar que, embora o mundo tenha ficado mais duro, consigo encontrar um lugar seguro e aconchegante nele." p.189



A protagonista é tomada por uma enorme ansiedade e pelo medo do que vai descobrir ao ouvir as mensagens. Por alguns dias ela adia o feito, mas não por muito tempo. Seu coração pede cautela e desvendar  uma mensagem por vez parece ser suficiente. E são muitos mistérios e informações para Luna ligar os pontos. Mas será que ela está mesmo preparada para vislumbrar o desenho que vai se formar e correr o risco de apagar a imagem perfeita que ela tinha dos pais como um verdadeiro casal? Será que vale a pena seguir os passos da mãe morta e correr o risco de criar uma grande mágoa?

Por outro lado, Luna é uma adolescente que não está só a procura de uma investigação. Ela está prestes a completar quinze anos, uma idade importante, é apaixonada por fotografar, por criar composições e ouvir seu vizinho de 16 anos, Oliver tocar violoncelo como se o som fosse uma serenata para ela.

Agora com todos esses segredos será que Luna conseguirá esconder do pai e do irmãozinho uma possível imagem da mãe que ninguém tinha acesso ou de descobrir que a morte dela não foi realmente um acidente? Além disso, ela tem de lidar com o irmão, Tali que parece estar amadurecendo rapidamente para a idade e criando diálogos nada infantis onde ele emprega as frases dos roteiros cinematográficos do pai. E com o vizinho por qual ela idolatra e nutre uma grande paixão. Não vai ser nada fácil unir amor e ódio não apenas por um garoto, mas pela família em uma fase tão intensa que é a adolescência.

Como uma garota que precisa de uma referência materna ela não esperava um aniversário de 15 anos, uma idade tão especial, sem sua mãe para fazer confidências, lhe ajudar nas coisas de mulher como comprar o primeiro sutiã,  florear os acontecimentos banais como se fossem um grande aprendizado e lhe ajudar a se aproximar do vizinho.

"Não vou desistir de você, Oliver. Às vezes o amor que construímos é  destinado a sobreviver. " p.130



Pensei muito e foi difícil encontrar as palavras certas para descrever esse romance. Ele trás tantas questões, ao mesmo tempo, de uma forma triste, poética e intensa. É impossível não se solidarizar com Luna e suas dúvidas. Ela é uma garota tão cativante, irônica e que tem resposta para tudo na ponta da língua menos sobre o passado da mãe. Mesmo que o medo por vezes insista em frear a sua jornada em busca de respostas ela é destemida e age com independência deixando transparecer seu lado rebelde e que sabe o quer. Ela também é sensível e parece lembrar um pouco a falecida mãe nas frases tão bem pensadas e que marcam quem está a sua volta como se fosse um enigma.

Você tem sete mensagens é um livro com grandes referências musicais, para ser lido com rapidez (os capítulos são curtos) e terminá-lo, quem sabe, com algumas lágrimas traiçoeiras ou com a sensação de que perdoar é uma forma de amar.



21 dezembro 2014

[RESENHA]: De volta aos sonhos- Bruna Vieira


Título: De volta aos sonhos
Autora: Bruna Vieira
Editora: Gutenberg
Páginas: 205

Em De volta aos sonhos Anita continua embarcando em duas viagens. Uma de volta ao passado mesmo que contra a sua vontade e sem nenhuma senha para que ela possa escrever um novo post e, quem sabe, terminar com todo esse mistério. A outra é a viagem do presente. E que presente! Ela finalmente consegue encontrar com Henrique, a quem ela acredita ter a difícil missão de reconquistar. E ela consegue, digo, encontrá-lo e não é só isso. Já no primeiro livro ele se oferece para um tour por Paris, passando por lugares que fez parte de um filme que eu assisti há pouco tempo e desde então se tornou um dos meus preferidos, e é o da personagem também, O fabuloso destino de Amélie Poulain, entre outros lugares como a casa onde morou Claude Monet.

Fiquei entusiasmada com cada detalhe dos lugares que fez parte das cenas do filme e assim voltei mentalmente a eles. Sem contar que o tour acabou tendo um desfecho romântico que prossegue em De volta aos sonhos. Mas também né, Paris é só amor.

Adorei toda a atenção do Henrique e ele se parece com aqueles homens perfeitos que muitas mulheres acabam idealizando, sério ele é muito fofo, e trás momentos superempolgantes. Mas nem tudo são flores, ou melhor, luzes na vida de Anita. Afinal, é a vida, os problemas tem de surgir e empecilhos são colocados afastando o casal. Isso porque o Henrique de agora, não se assemelha tanto com o Henrique do passado.

Depois de tanta dedicação a música ele tem seu trabalho reconhecido juntamente com sua parceira Kate, uma ex-integrante de uma banda que fez muito sucesso nos anos 90.  E esse destaque acaba por trazer até ele novas oportunidades, como a de se apresentar em um programa muito importante o que termina por expor a dupla de uma forma totalmente equivocada e logo a mídia faz parecer que Kate e Henrique são um casal. E pra piorar a situação o contrato da dupla exige que eles assumam o tal "namoro".  E agora, onde Anita se encaixa em tudo isso? Bom... ela não é incluída nessas histórias pois até então a mídia nem tem conhecimento dela. Com isso a protagonista tenta de todas as formas se afastar de sua paixão por dois motivos: permitir que Henrique realize seus sonhos que possivelmente não apresenta um espaço para ela. E por último ela precisa rever suas prioridades e batalhar pelos seus próprios sonhos.



Depois de chegar ao Brasil, acontecem outras viagens até o passado que de alguma forma alteram seu presente e o futuro.

Sua amizade com Joel, que também é um fofo, permanece e acaba por trazer mais realizações profissionais a Anita. Acredito que não seja só pela amizade, mas porque nessas idas e vindas ao passado ela faz correções extremamente importantes e enfrenta tudo que é possível para fazer o que realmente gosta (faculdade de fotografia), mesmo que essa profissão não seja aceita por certas pessoas.

Assim, Anita agora é uma verdadeira profissional que domina diversas máquinas, está atenta a todos os tipos de técnicas e seu novo emprego exige que ela viaje e escreva sobre lugares incríveis de uma forma incrível. E a próxima parada desse livro repleto de viagens é em Nova York, e a protagonista mal sabe quantas surpresas lhe aguardam por lá como, por exemplo, um Henrique que compôs uma música dedicada a ela. E vou adiantar que o final desse livro deixa o leitor com a pulga atrás da orelha! Deveria ser proibido terminar um livro assim com tanto mistério.

Vou mencionar também que achei a continuação muito melhor que o primeiro livro da série, além de ele continuar sendo muito fácil de ler. Percebi certo desenvolvimento dos personagens que me animou muito e vale a pena destacar que ele nos encoraja a seguir nossos sonhos mesmo que paire aquela desconfiança, principalmente por parte de nossos familiares pelo risco de um futuro não promissor. Enfim, ele é uma verdadeira homenagem ao que nos faz realmente felizes.




16 dezembro 2014

[RESENHA]: De volta aos quinze- Bruna Vieira

Título: De volta aos quinze
Autora: Bruna Vieira
Editora: Gutenberg
Páginas: 222


Esse é o primeiro livro da série Meu primeiro blog e retrata de uma forma reflexiva as peripécias da Anita, uma mulher de 30 anos que não está nada satisfeita com a vida que leva e se encontra completamente desamparada.

Pra começar, Anita não teve grandes conquistas, não se realizou profissionalmente, leva uma vida morna com os mesmos afazeres todos os dias, não tem amigos por perto, não se casou e a pior parte não sente o apoio da família.

A princípio toda a insatisfação da personagem é muito visível e chega a ser melancólico. Pela narração é perceptível também que ela é muito agarrada ao seu passado e se sente rejeitada pela família por não ser quem os outros querem que ela seja.

Em um episódio no casamento da irmã, no qual Anita demonstra estar completamente desequilibrada (e olha que ela não estava bêbada) ela se sente completamente sem chão e sem coragem de não apenas encarar as outras pessoas como também a si mesma. Para passar o tempo sozinha, até que a festa onde ela não é bem-vinda termine ela escolhe passar seu momento deprê na internet. Porém, inesperadamente, tudo muda ao seu redor quando Anita clica em um link que se refere ao seu antigo blog da adolescência. Dessa vez ela não só está de frente para o que ela escrevia na época expressando seus sentimentos, dúvidas e anseios, como ela realmente está de volta ao passado com exatamente quinze anos, vivendo vários momentos novamente.

Certamente a personagem se vê em uma grande confusão duvidando, assim como seus familiares, de sua própria sanidade. Mas ela encara mais aquela peça que a vida prega de uma forma diferente. Como ela já sabe do que estar por vir, afinal ela já viveu tudo aquilo e sabe o final de cada capítulo, ela tenta alterar várias coisas.  No entanto, ela descobre da pior maneira possível que tentar mudar o passado pode ser perigoso já que suas mudanças tornaram tudo muito pior pras pessoas que ela amava e não apenas isso. Essa volta no passado alterou outros tempos da sua vida, presente e futuro. E agora, as pessoas que antes ela conhecia principalmente um grande amigo que mais tarde, ela acaba descobrindo ser a paixão da sua vida, não fazem mais parte das suas relações e muitas das suas referências se perderam.



Refletindo um pouco mais sobre as diversas viagens ao passado, através do blog da adolescência, Anita acredita que talvez o universo tenha lhe dado uma oportunidade não de tentar resolver os problemas de quem estava a sua volta, mas os seus próprios problemas. E, tomada por essa epifania, nem tudo sai bem novamente e ao voltar para o tempo presente, com 30 anos de idade, mais mudanças foram feitas, mas dessa vez ela conquista uma amizade que lhe trás muitas bênçãos. Pra começar ela se vê livre de exercer um trabalho nada empolgante e de fazer o que ela realmente gosta: fotografar, registrar momentos e lugares. E é justamente essa paixão pela fotografia e o grande amigo que possui ótimos contatos que faz tudo acontecer. Surpreendentemente ela é selecionada para fazer algumas fotografias em Paris, local onde seu melhor amigo que tinha uma paixão secreta por ela e agora devido as suas loucas idas ao passado, não a reconhecia mais, mora. E dessa forma, Anita vai segurar essa chance em suas mãos e tentar reencontrar Henrique e, quem sabe fazê-lo se apaixonar por ela novamente? 

"Quando você descobre que alguém te amou, tudo o que você faz é chamar a atenção dessa pessoa. Só para saber se ali dentro ainda sobrou um pouquinho de sentimento." p.107


Posso afirmar que De volta aos quinze figura facilmente naquela lista de livros pra se ler em apenas um dia. Devorei o livro rapidinho e penso que talvez deva ser pelo fato de eu ter me identificado fortemente com a personagem. Anita, assim como eu e várias outras pessoas, se viu aos 18 anos tendo que escolher qual curso fazer sem ter maturidade ainda para isso, e o resultado da escolha errada trouxe enormes consequências. E toda a tristeza por não ter o emprego que desejava por medo do julgamento dos outros (que aconteceu de todo jeito) degradou todas as outras esferas da sua vida e por isso ela nem percebeu que o amor estava batendo na sua porta, até perdê-lo de vez.

A questão de voltar no tempo já foi trabalhada em outras obras e filmes, mas a ideia de incluir um blog para fazer essa ponte foi muito legal além de ter ficado com a carinha da Bruna Vieira. Estou ansiosa pela continuação e ver no que vai dar estas alterações no passado, mas já percebi que ter uma segunda chance para mudar certas coisas pode não ser positivo. Porém, em alguns momentos, senti que revivendo acontecimentos há sempre a possibilidade de perceber que nos precipitamos e concluímos coisas erradas sobre o comportamento de outras pessoas.

O que me perturbou foi que eu sei que a autora pode fazer algo melhor e acrescentar mais detalhes, suspense e diálogos mais complexos a trama, além de revelar mais sobre o psicológico dos personagens. Fiquei com a sensação de saber muito pouco sobre a Anita e sua amizade com o Henrique, senti uma lacuna. Mas confio plenamente no trabalho da Bruna e sei que se ela se esforçar consegue escrever algo bem mais trabalhado e eu vou esperar isso em "De volta aos sonhos".

11 dezembro 2014

[RESENHA]: Fazendo Meu Filme 4: Fani em busca do final feliz- Paula Pimenta


Título: Fazendo Meu Filme 4: Fani em busca do final feliz
Autora: Paula Pimenta
Editora: Gutenberg
Páginas: 605


"Nenhum filme é melhor do que a própria vida."


Fazendo meu filme 4 é o aguardado desfecho da série que envolve o casal mineiro mais fofo de todos os tempos, Fani e Leo.
Quem leu o terceiro livro sentiu o clima pesado do final que não terminou nada bem... E assim que o último livro chegou as minhas mãos fiquei desesperada pra saber se a Fani e o Leo realmente se separariam sem chance alguma deles reatarem.



E digamos que eu fiquei surpresa com que encontrei. O livro é dividido em três partes, Fani, Leo, Fani e Leo. Compreenderam? Primeiro vem os capítulos destinados a Fani, onde a própria personagem narra de uma forma nostálgica seu momento atual, pós- faculdade, pois é já nas primeiras folhas nos deparamos com uma Fani diferente, madura, dona da própria vida. Ela não só se formou em cinema como também está terminando a sua pós-graduação e em breve um festival poderá mudar sua vida. Isso porque seu trabalho de conclusão de curso (um longa metragem) foi selecionado para uma acirrada disputa. Mas para entendermos como ela se tornou uma profissional competente e requisitada em Hollywood precisamos saber como foi esse percurso. Portanto, um capítulo é da Fani com 23 anos e o próximo tem início com a sua chegada a Los Angeles e assim sucessivamente até o grande dia do festival que reserva muitas surpresas.



Sinceramente, fiquei tão acostumada a ler tudo sob a perspectiva da Fani que quando cheguei à parte do Leo achei tudo bem mais interessante. Não tinha aquele drama todo e a choradeira que a protagonista sempre arrumava. Não que ela não tivesse motivo, mas de certa forma ela sempre complicava as coisas e sofria desesperadamente por tudo.

Embora o Leo também tenha sofrido achei a parte dele mais realista. Nada do glamour de Hollywood, festas em parques da Universal, Warner e etc. Muito pelo contrário, o garoto teve que crescer e batalhar muito.  Afinal estamos falando de Brasil. A separação do casal, por um lado, foi positiva para que cada um seguisse seu rumo e pudesse se dedicar realmente ao que gostavam. Se não fosse pelo rompimento certamente o Leo teria cursado administração em vez de Jornalismo que era o que ele sempre almejou.

Assim como na parte da Fani temos de inicio o Leo com 23 anos e capítulos que se mesclam entre a atualidade e o passado quando ele se mudou para o Rio de Janeiro, com 18 anos.

Por meio do presente e pela viagem ao passado temos um verdadeiro contato com os sentimentos do Leonardo. O que passou pela sua cabeça depois do término, se ele tentou ou não entrar em contato com a Fani entre outras coisas. Mas como eu disse antes, a parte dele me tocou mais. Ele abriu mão de ficar com o amor da sua vida para que ela realizasse seu sonho de ser cineasta, mas e ele? Tudo bem que ele fez o curso que realmente queria jornalismo, mas não obteve tudo de uma forma tão fácil quanto a Fani. Ele não saiu por ai recebendo bolsas de estudos, apartamento super decorado e mobiliado com tudo do seu gosto, já não ganhou logo no seu primeiro dia de faculdade um estágio, não foi paparicado por todos. Sua vida foi como a de muitos  universitários:  Morou uns anos com os tios, ralou pra pagar aluguel do seu então apartamento, correu atrás de estágio e mesmo depois de terminar a graduação não trabalhou somente com o que gostava e seu salário não era uma fortuna. Ficou com várias mulheres, mas mesmo assim nenhuma delas preencheu o vazio chamado Fani. E pra tentar amenizar o sofrimento, ele se especializou em jornalismo cultural, criou uma revista eletrônica ( que era na verdade um hobby pra fugir de um trabalho estressante) com ajuda de alguns amigos, pra divulgar suas resenhas e enxergar a arte de uma forma crítica. Porém, o destino tratou de sorrir para o garoto, já estava mais do que na hora, e colocou em suas mãos a chance de poder cobrir certo festival internacional... Advinha aonde?


Fazendo meu filme 4 apesar de ser bem mais longo que os outros livros da série faz com que a gente apresse a leitura pela ansiedade de saber se o Leo e a Fani finalmente ficam juntos. E não é só isso, como leitora eu ficava querendo ver as reações de ambos e comparar com as memórias que eu tinha dos dois quando eram adolescentes e ver o quanto as pessoas podem mudar. A Fani que sempre foi muito tímida me surpreendeu em várias partes, mas mesmo assim não é difícil achar nela resquícios de uma garota, insegura, envergonhada e que apesar dos sofrimentos no campo afetivo, ainda acreditava em finais felizes.

Já o Leo fez com que eu me apaixonasse por ele e por suas palavras. Acho até que a Paula Pimenta poderia escrever um livro com a história toda pelo ângulo dele sem aquele transbordamento todo de lágrimas da Fani que poderia, com toda a certeza fazer os níveis do Cantareira subirem. Em outras palavras me identifiquei demais com o garoto!

Achei o livro também mais poético do que de costume, as músicas continuam constantemente presentes e não só descobri como recordei algumas, foi muito bacana. Fiquei impressionada com o fato de que cada música escolhida se encaixava perfeitamente no romance e graças a isso também criei o hábito de escolher com cuidado as músicas que me acompanham, pois toda trilha sonora tem seu significado.

Apesar de eu ter achado a vida da Fani muito fácil (sei que ela sofreu, sem querer ser injusta), ela continuou sendo simples, simpática e é isso que encanta o leitor. Não posso me esquecer de mencionar que através da história podemos conhecer locais muito interessantes, é como se a gente fizesse uma viagem pra Califórnia e tivéssemos como guia turística a Fani. Por isso, quando forem ler FMF4,  preparem-se para conhecer a Warner Bros, Universal City, Hollywood Sing, Las Vegas e um restaurante mexicano bem apimentado.

Ah, outro ponto que me chamou atenção foi que os protagonista  perderam contatos com amigos que eles juravam que eram pra toda a vida (bem verdadeiro isso também) e foram surgindo outros também muito importantes como o Alejandro, por exemplo, que eu amei.

E, pra terminar, quero dizer que foi muito difícil me despedir da série, eu me apeguei de verdade à história,  aprendi e conheci lugares novos. Vou ser sincera também e dizer que depois de tantas confusões e reviravoltas eu não via a hora do final feliz chegar, não só pra Fani, mas para o Leo.