02 janeiro 2014

Apenas ouça



Tenho passado por momentos difíceis, distante de mim mesma, longe dos sonhos que um dia, há muito tempo, eu tracei pra mim.

Eu nunca decidi desistir deles, nunca pensei que um dia me sentiria incompreendida, exposta, solitária. Mas você, que acha que sabe tudo, assim, tão nova, sem ter passado por grandes provações se sente no dever de julgar-me.

Se sente com o direito de querer, de qualquer forma, tentar fazer algo por mim.

E você diz: - Os amigos de verdade fazem isso.

Não querida,  amigos não fazem isso. Pelo menos, não na minha concepção de amizade.

Você não pode querer fazer por mim o que eu mesma sou capaz de fazer. A não ser que você acredite, firmemente, que eu não posso, que sou incapaz.

Se assim for, não há nem nunca houve amizade.

Nunca pedi para que decidisse por mim.

Sei que suas palavras são sinceras, você só quer acabar com a minha dor, para que eu possa ser uma garota “normal”. Mas, espera. O que é ser “normal”?!

E agora você me abandona. Porque não posso ser o que você quer.

Foram noites de dígitos errados. Palavras mal elaboradas, engolindo lágrimas em meio as madrugadas, para que você mais que se inteirasse das minhas batalhas.
E a resposta: Você queria lutar no meu lugar.

E lutar no meu lugar não significa, necessariamente, lutar por mim.

Querida, eu não estou acabada.

Em todos os momentos eu só queria que você me ouvisse, que alguém apenas escutasse.

Não quero saber se me compreende ou não, não quero conselhos, não quero que me diga: “Ah o meu caso é pior.”

Só quero um ouvido atento, uma boca muda e braços bem abertos que possam acalentar na medida certa toda a minha angústia.

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