Título original: The Casual Vacancy
Autora: J.K. Rowling
Ano: 2012
Editora: Nova Fronteira
Uma história
complexa, em uma pacata cidade, onde vida e morte se entrelaçam.
Você já morou em uma
cidade pequena? Olha, para ser sincera, eu nunca. Mas ouço muito falar e já vi
em várias novelas e filmes como deve ser.
O estereotipo, é sempre marcado por aquele lugar pacato,
onde todos se conhecem e qualquer acontecimento é espalhado como que na velocidade da
luz. E um mexerico é tratado com grande entusiasmo, como se fosse um presente
dos céus para preencher os tempos vazios.
Em Pagford não é
diferente. Uma fofoca é sempre bem-vinda. E assim foi com a morte súbita de Barry Fairbrother.
O livro começa com a
única página onde se tem narrado sob a perspectiva de Barry, como ele se sentia
antes e durante a dor que o tomou, e culminou no seu falecimento.
Os próximos
capítulos, então, trata esse fato, dentre outros, sob a ótica dos moradores de Pagford.
Personagens principais:
Barry Fairbrother e Mary: Os dois eram casados a 19 anos. Eram, porque Barry, Conselheiro da cidade, um importante cargo político, como disse no inicio, foi surpreendido por uma morte repentina.
Howard Mollison, dono da loja Delicatéssen, juntamente com sua esposa e seus familiares são os
que mais me causaram repulsa. A vida dos outros é para eles mais
importante do que a própria. É possível perceber nesses personagens um tanto
quanto mesquinhos, hipócritas e com espírito de porco o quanto eles mostram um pouco da nossa realidade. Muitas pessoas, infelizmente,
agem como eles.
Gavin, Kay e Gaia:
Gavin
mantém um relacionamento forçado com Kay,
pois o mesmo prefere enrolar a namorada, ao invés, de ser
HOMEM e terminar. Gavin é um dos personagens que menos gosto. Sua indecisão e
covardia são detestáveis. Kay também
tem seu lado irritante, por se iludir e apostar em um “cara” que não lhe
atribui nenhum valor. Já sua filha, Gaia
é uma das adolescentes do livro, que tem como plano se vingar da mãe. Veio de
Londres para a pequena Pagford, totalmente contra a sua vontade, deixando suas amizades de infância e o namorado para trás.
"Escolher é algo perigoso: quando escolhemos, temos que abrir mão de todas as outras possibilidades." Gavin Hughes
Andrew, Paul, Ruth e o crápula Simon Price, formam uma família repleta de contrastes e confrontos.
Simon é um pai e marido, agressivo,
rude, desonesto e extremamente babaca.
Sua esposa, Ruth, é uma
enfermeira completamente submissa ao marido.
Tessa, Bola e Colin: Bola, é o apelido de Stuart, um garoto magro, sarcástico e com a língua bem afiada. É "filho" de Colin Wall (pombinho) vice- diretor do colégio onde estuda a, Winterdown , o qual nutre um intenso desprezo e rancor. Já sua mãe é a orientadora do mesmo colégio, e faz o tipo de mulher fraca. Finge não ver muitas vezes o que é obvio e tem um frágil controle sobre o filho.
Terri e Krystal Weedon: Mãe e filha, vivem em Fields, uma espécie de "favela" que invadiu Pagford. E por isso, é alvo de intenso ódio e acalorados debates com o objetivo de se retirar o cortiço dos limites da pequena cidade.
Terri, é usuária de heroína, e já passou por poucas e boas na vida. Vários problemas familiares, violência sexual e abandono compõe a sua história de vida. E com a filha não é diferente, Krystal, uma adolescente problemática parece seguir os passos da mãe.
Parminder e Sukhvinder: Mãe e filha perceptivelmente não se entendem. O falecido Barry funcionava como uma ponte para as duas. Mas, com o seu falecimento essa ponte acabou rachando e se quebrando. Sukhvinder é uma das personagens que mais gosto. Ela é vítima de bullying e cyberbullying, principalmente pelo cruel, Bola.
Não sei se foi possível perceber, mas a vida de cada um dos personagens são muito ligadas umas as outras. E isso é um dos fatores que nos prende na leitura.
A todo momento, eu ficava fascinada para saber, as revelações, as próximas ações, segredos, mentiras e hipocrisias por trás de todas aquelas vidas.
O debate travado sobre Fields e seus moradores também é muito interessante e de certa forma mostra o pensamento da classe dominante sobre os desfavorecidos e marginalizados. E um dos pensamentos que eu acho que cada opinião pode estar sedimentada é a de que o sujeito é determinado pelo meio em que vive. E que para os excluídos e drogados não há recuperação. Apesar de ter personagens que defendem totalmente o contrário.
Antes de ler o livro, acompanhei algumas resenhas e encontrei várias criticas negativas, e isso foi responsável por fazer eu adiar a minha leitura. Um grande erro! O livro é incrível! E assim, como em Harry Potter, eu me sentia em Hogwarts, em Morte Súbita eu me sentia uma das moradoras do vilarejo Pagford e da caótica Fields.
Muitos dos sentimentos que eu sentia, quando eu era uma adolescente a J.K.Rowling, conseguiu, mais uma vez, expressa-los com uma naturalidade e autenticidade invejável.
E por fim, a leitura além de prazerosa me fez ter mais orgulho de ser uma enorme fã dessa escritora espetacular.