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28 julho 2014

[RESENHA]: Morte Entre Poetas- Ángela Valley



Título: Morte Entre Poetas
Título Original: Muerte Entre Poetas
Autora: Ángela Valley
Editora: Primavera Editorial
Páginas: 316
Sinopse

O que deveria ser apenas um encontro entre prestigiosos membros da literatura nacional, convertesse em algo perturbador, ao ser assassinado com uma punhalada no coração um dos poetas participantes. Nacho Arán, poeta e meteorologista, chega ao local pouco depois de perpetrado o crime. Livre de suspeitas, Nacho dedica-se a investigar os outros participantes. Logo descobrirá que quase todos eles têm algo contra o morto e perceberá que o requinte intelectual e a suposta sofisticação da cultura não servem como vacina contra o mal e as paixões violentas, contra o ódio e o desejo de vingança.

 

Fábio Arjona, foi um poeta polêmico, mas não pelo seu (questionável) talento. E sim, por ao longo de sua vida ter cultuado várias inimizades com suas críticas ácidas e uma completa falta de caráter. E é a sua misteriosa morte no badalado Congresso que reuni conceituados poetas, que precisa ser desvendada nessa história perturbadora.

Nosso protagonista, Nacho Arán, um metereologista que se ocupa também com a literatura, mais precisamente, escrevendo poesias que envolvem principalmente as mudanças no tempo e seus encantos, pela primeira vez, recebeu um convite para o Congresso (Cigarral), local onde Fábio fora assassinado horas antes de sua chegada. Um prato cheio para Nacho, já que o mesmo criou com a tia um site no qual se comprometem a investigar, com ajuda de leigos e hackers, alguns crimes.

Nacho, no entanto, se apresenta como um homem inseguro e que dúvida de seu potencial como poeta. É frequente no livro passagens que demonstram sua ansiedade perante o convite e após sua chegada ao Congresso. Para aliviar a tensão e espantar os insistentes pensamentos sobre, não ser um escritor a altura para ter recebido tal convite e com receio de um vexame em público, ele se dedica a pesquisar sobre a vida de cada poeta presente no Cigarral, isto é, suas obras e premiações. Dentre essas pesquisas, é claro, inclui o nome do falecido Fábio Arjona e a descoberta de informações que podem ser úteis na sua pretensiosa investigação.

Porém, Nacho, inicialmente não precisa de muito esforço para tal pesquisa, já que estranhamente, os demais escritores e, consequentemente, suspeitos de tal assassinato se prontificam a lhe contar, suas razões pessoais para odiarem Fábio sem o menor pudor.
 
"De onde vinha essa necessidade que quase todos deixavam transparecer no Cigarral de expressar-lhe seus motivos para odiar Fábio? Estariam se justificando? Estariam se acusando inconscientemente, porque tinham má consciência? E, se tinham má consciência, qual era a causa?"
(Morte Entre Poetas, p.106)
 
Para os amantes de romance policial, Morte Entre Poetas se tornará um livro inesquecível. A ideia de unir poesia, reflexões sobre a escrita, vaidade, a questão do plágio, a homossexualidade e até a assexualidade tornam a história singular e atual. Os leitores também irão lembrar dos livros da aclamada autora Agatha Christie. Particularmente, até consegui ver semelhanças com O Assassinato no Expresso do Oriente- Agatha Christie . Isso porque em ambos os livros há vários suspeitos para o crime, aparentemente todos tem alguma motivação para tê-lo executado  e devem ficar confinados no local até que o mesmo seja devidamente esclarecido.

Outro fato que torna Morte Entre Poetas uma obra impar foi à maneira como a escritora conseguiu aliar de forma inteligente e bem humorada a literatura com uma investigação policial sob a perspectiva de um detetive amador. Além dos vários personagens onde cada um apresenta uma visão apurada e crítica da vida com auxilio de trechos poéticos. Figuras diferentes, mas com um drama em comum, todos foram vítimas da falta de caráter de Fábio Arjona no "mundo literário". Há também muitas referências de outras obras e escritores no decorrer das páginas e como um bom romance policial só é possível larga-lo quando o mistério é desvendado.


Sobre a autora:

 
 
Ángela Vallvey Árevalo é poetisa e romancista. Nasceu em San Lorenzo de Calatrava , Ciudad Real, Espanha. Exerce o jornalismo em diversos órgãos de imprensa, rádio e televisão.
 

Entre seus livros, cumpre destacar A la caza del último hombre salvaje (À caça do último homem
selvagem), traduzido por prestigiadas editoras europeias, Los estados carenciales (Os estados carentes) (Prêmio Nadal 2002), No lo llames amor (Não o chames amor), Todas las muñecas son carnívora (Todas as bonecas são carnívoras) e La ciudad del diablo (A cidade do diabo) (Prêmio Ciudad Cartagena de Novela Histórica 2006), todos publicados pela Editora Destino.

 É autora, entre outros, dos livros de poesia, Capitanes de tiniebla (Capitães de trevas), El tamaño del
universo (O tamanho do universo) e Nacida en cautividad (Nascida em cativeiro) (Prêmio Ateneu de
Sevilha 2006). Seus livros foram traduzidos em dezessete línguas.