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15 dezembro 2015

Eu Não Tenho Dom

Fonte: http://weheartit.com/entry/group/3386865

Apesar de ler tantas histórias ainda não consigo iniciar as minhas sem que seja com um "era uma vez...". Mas será que você vai se importar com esse meu jeito infantil de contar uma historia de adulto? Espero que não.

Era uma vez uma garotinha cheia de cachos, que não dava muita atenção a uma pergunta recorrente: "o que você vai ser quando crescer?". E eu não tinha nenhuma resposta na ponta da língua, pois aquele momento parecia tão distante que eu só pensava em ser quem eu já era. Não existia futuro pra mim, somente o presente que consistia em uma eterna brincadeira feita de bonecas, algodão doce, festas de aniversário, passarinhos e bolhas de sabão.

Mas em um instante, contra a minha vontade, meu corpo foi mudando, meus velhos interesses que para mim eram eternos, já não faziam tanto sentido. Ou faziam, não me lembro bem, mas tive de mudar pra me encaixar em grupinhos, fazer trabalhos e não ficar sozinha. Por fora, tentei me fazer de séria e parecer uma mocinha madura que sabia o que queria. Por dentro, criei um ambiente mágico, inventava pessoas e diálogos, ou então pegava emprestado pessoas de que eu gostava na vida real e não tinha coragem de me aproximar e criava várias cenas, onde todos me amavam. Porém, certo dia   aquela mesma pergunta veio de novo, mas num novo formato: "Que faculdade você pretende cursar? Eu não fazia a menor ideia e sempre respondia a quem me perguntava um curso diferente. 

O relógio não perdoou, e as folhas do calendário que sempre ficavam aderidas a geladeira, acompanharam o ritmo dos ponteiros, apontando novos meses, anos... Pra quê aquela correria? Enterrei amizades, brincadeiras, passarinhos, meu pai e fatos que eu não queria me lembrar. Fui ficando muito boa em esquecer. Mas nunca consegui fugir daquela pergunta, agora feita por mim mesma. E agora Sabrina, vai prestar vestibular pra quê? Chorei, pesquisei, fui repreendida em minhas escolhas, e cheguei a uma conclusão: Não sei fazer nada, não sou especial, não tenho dom. Chorei ainda mais, tive insônia, continuei estudando, mas sem motivação alguma.


Ao ver meus colegas serem aprovados, eu queria passar também. Acho que o importante era isso, PASSAR! E fui fazendo várias provas, de várias universidades (uma verdadeira maratona), cada uma para um curso diferente parecia que eu estava jogando na loteria. Enfim, com um sorriso nos lábios mostrei várias listas com o meu nome. Até que percebi que tinha de me matricular, joguei os dados e pronto! Lá estava eu, uma universitária, quem diria. Problema resolvido, agora é só estudar e me formar. Grande ilusão. Agora, depois de 4 anos tentando gostar de uma profissão me vejo com o dever de fazer como a Anita, personagem da trilogia Meu Primeiro Blog, da Bruna Vieira, e lutar pra fazer o que amo.

Não viajei para o passado como a personagem pra refazer minhas escolhas. Mas retornei a ele de outra forma, refazendo meus passos com ajuda psicológica até encontrar a criança que eu era, as coisas que eu gostava, o que eu fazia com facilidade. E acreditem, depois de tanto conversar com Deus, com profissionais, fazer testes e me pressionar, enfim descobri minha vocação. A resposta veio de uma forma tão simples que penso que compliquei tudo. Às vezes, ficamos fazendo tempestade em copo d'água e andando em círculo quando toda informação de que precisamos Deus deixou escondida dentro da gente. Está tudo gravado sem ruídos, basta silenciar o mundo e aumentar o volume do coração.


11 dezembro 2013

Sky above us

 

Não sei bem quando isso começou e nem por que... talvez tenha sido quando os celulares passaram a ser mais acessíveis e embutidos com câmeras digitais e criado um meio de levar com a gente não apenas as palavras de uma SMS e a possibilidade de ser localizada (mesmo não querendo ou exista alguém que queira me encontrar).  Mas desde então tenho carregado um pedacinho do céu comigo. Comecei levando precisamente cerca de 93 x 46 x 18 mm. Com o desenvolvimento da tecnologia e a minha maior capacidade de compra ( pra ser verdadeira, dos meus pais), os pedaços desse céu foram aumentando, e seu peso se tornando mais leve.
 
A mesma coisa, não posso dizer sobre as sua cores e formas que mudam constantemente de uma figura a outra, basta um esforço de imaginação. Seus tons, eu percebia se alteravam  de azul e branco a cinza e preto e até a um alaranjado.
 
Uma parte que me empolgava, é que as máquinas podiam ampliá-los também de forma que eles pareciam cada vez mais próximos. Tão próximos, que a cada fotografia, a cada zoom parecia que eu conseguiria alcançar uma dimensão que nem os próprios pássaros, tão íntimos daquela infinitude, podiam. Talvez eu poderia até espiar suas profundezas.
Garotas na minha idade deveriam estar se divertindo por ai, fotografando qualquer outra coisa menos o céu. Talvez, beijos ou suas roupas e seus cabelos contidos e arrumados em frente ao espelho. Mas não, eu fotografo pedaços de algodão distantes. Desejando, sempre estar a carregar amostras do céu que paira sobre mim.