Título nacional: Amanhã, quando a guerra começou
Autor: John Marsden
Editora: Fundamento
Páginas: 253
"Amanhã" é uma série de ficção australiana de sete livros, que conta com um enredo inesperado e muita aventura, em todas as páginas.
No primeiro livro somos apresentados a um grupo de amigos e colegas de escola, por meio dos registros da narradora, Ellie. Segundo a mesma ela foi escolhida pelo grupo para escrever cada detalhe do que eles estavam passando desde a volta do Inferno. Calma, vou explicar o que era o Inferno.
O Inferno era um lugar afastado da cidade e que na verdade mais se assemelhava ao paraíso. Antes de tudo acontecer Ellie, tinha planejado passar parte das férias escolares naquela natureza exuberante e que guardava um grande mistério na companhia dos amigos de sala.
A parte mais difícil era convencer os pais de que mesmo aqueles adolescentes com os hormônios a flor da pele, sozinhos, sem a supervisão de um adulto, não fariam nenhuma besteira.
"Fiquei pensando por que os adultos são tão complicados. Parece que eles acham que temos de tomar cuidado para não cairmos em tentação e fazermos alguma besteira. Às vezes acabam até pondo ideias na cabeça da gente." p. 10
"Fiquei pensando por que os adultos são tão complicados. Parece que eles acham que temos de tomar cuidado para não cairmos em tentação e fazermos alguma besteira. Às vezes acabam até pondo ideias na cabeça da gente." p. 10
Depois de terem conseguido o que queriam grande parte dos convidados para a trilha confirmaram a viagem. Ao chegar ao Inferno de frente para todos aqueles montes, riachos, uma vegetação incrível e variada e dormir na clareira eles acreditaram estar passando por uma grande aventura. Mal sabendo que a aventura de verdade estava ainda por vir.
Ellie, que tinha idealizado e organizado toda aquela exploração, de repente, se sente ansiosa para voltar pra casa. Sua intuição diz que tem algo errado e ela não sabe nem explicar por que.
Ao chegarem na cidade, Ellie nem precisa chegar em sua casa para comprovar que algo está completamente errado. Os lugares estão praticamente desertos, lojas foram quebradas e saqueadas e não há ninguém para explicar nada. Todas as casas estão vazias, a maioria dos animais morreu, a eletricidade foi cortada. E é nesse cenário que eles vivem suas maiores aventuras, tiram de dentro uma força que nem mesmo eles acreditavam que tinham e não permitem que o medo os paralise.
São muitas hipóteses a serem consideradas e nenhuma delas é boa. O país estaria em uma guerra? Onde estariam seus pais, seus familiares?
De repente, com todo o aprendizado que eles tiveram desde a infância com a criação de animais, direção de máquinas e o cuidado com terra servirão, com muita criatividade, para vários propósitos, desde a sobrevivência deles, a curto ou em longo prazo se o país não se reerguer, ou até mesmo para causar a morte de vários soldados.
Diante de todo o desastre os personagens também não tem medo de amar e alguns mudam completamente, como Homer que era o tipo de garoto que não levava nada a sério e sua personalidade muda tanto a ponto dele se tornar o líder do grupo.
"Quando alguém atira em um alvo móvel no escuro, a sorte em geral favorece o alvo. Eu havia prendido isso quando saíamos para caçar." p. 135
Quando peguei "Amanhã" para ler senti-me um pouco desanimada e imaginei que seria uma leitura um pouco infantil, talvez por causa da ilustração da capa. Mas novamente fiz julgamentos errados e mais uma vez surpreendi-me com uma leitura agradável, com acontecimentos inesperados e uma avaliação emocional e psicológica dos personagens que chama atenção.
Ao terminar um capítulo eu dizia que iria ler apenas o próximo e depois ia para meus afazeres, mas enquanto eu não terminei o livro isso não foi possível! E depois de termina-lo ainda li a história novamente.
A narração da Ellie é impressionante, ela sabe como prender o leitor, mesmo que sua intenção e a dos amigos tivessem outros objetivos, como por exemplo, deixar os feitos dos colegas e toda aquela parte da história do país registrada. Pois, na pior das hipóteses eles poderiam não sobreviver ou se sobrevivessem ter toda aquela jornada documentada seria extremamente interessante, além de um patrimônio a ser preservado.
E eu que inicialmente não tinha gostado muito da ilustração da capa passei a vê-la com outros olhos e até gostar das outras pertencentes à série.