"Há partidas que não nos permitem retorno."
Título: Orfandades- O Destino das Ausências
Autor: Pe. Fábio De Melo
Editora: Planeta
Páginas:160
É sempre difícil resenhar um livro do Pe. Fábio de Melo, pois suas obras mexem demais com as minhas estruturas. Admiro muito o seu trabalho de evangelização, sem contar o quanto ele é responsável por modificar a minha vida, posso dizer que ele me salvou através das palavras que Deus lhe deu.
Quem acompanha o seu programa, Direção Espiritual, sabe que uma hora ou outra ele menciona o conteúdo de algum de seus livros e eu sempre fico curiosa. O mesmo acontece com Orfandades e fiquei mais animada ainda por se tratar de uma reunião de contos. Todos eles trazem com a sensibilidade própria do autor, acontecimentos da vida no contexto das ausências e suas consequências. Alguns contos são até engraçados outros me arrancaram lágrimas, principalmente o primeiro. É difícil de explicar, mas já fui tocada logo no primeiro parágrafo do livro. O primeiro conto traz o peso da perda de um filho, algo que não tem nome, mas que foi tratado de uma forma que me emocionou:
"O filho único está morto. A maternidade se arquiva na memória. Desfaz-se o vínculo que antes a nominava mãe, e a mulher é condenada ao retorno da antiga condição. É a perda do sentido, do significado, agravado ainda mais pela lembrança que se transforma em desassossego." p.18
Os contos são tão verdadeiros e isso com certeza se deve a convivência e a experiência do Pe. Fábio com as pessoas, com cada história que ele acolhe e tem a oportunidade de oferecer orientação e crescer com as vitórias e com o sofrimento do outro sempre com muito respeito. Pois isso é cristianismo, conseguir seguir em frente e tirar um aprendizado de suas provações e se tornar uma pessoa melhor justamente porque teve problemas, limitações, teve ausências seja de um pai, de uma mãe, do marido, do filho, de amigos, de fé, de rituais ...
"Meu mundo é Fausto. Minha alegria depende do perfeito funcionamento de suas tripas, coração. ossos, sangue e outras fragilidades. O cordão que me prende é tênue. Sofre de diabetes, pressão alta, pancreatite crônica. Meu redentor falece aos poucos." p.58
O livro tem um vocabulário que eu não achei difícil se comparado há outros livros do Pe. Fábio que tem vocabulários rebuscados. Mas que isso não seja um impedimento pra você e nem o fato dele ser padre. Encare como um desafio aprender palavras novas e entrar em contato com histórias que trazem uma forte carga emocional e tenho certeza que em algum momento você vai se identificar com algum conto, assim como eu me identifiquei.
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